Uma parede viva que produz oxigênio e que ajuda a minimizar os efeitos da poluição nas grandes cidades. Esse é um dos projetos dos arquitetos-engenheiros Claudia Paquero e Marco Poletto, fundadores do londrino ecoLogicStudio. O Stem, como é chamado, funciona como uma espécie de parede viva capaz de unir a utilização da luz solar com a geração de oxigênio via fotossíntese.
O sistema é composto por garrafas recicláveis de plástico – não é um material 100% reciclável porque assim não haveria a transparência adequada ao projeto – que funcionam como unidades celulares, cada uma delas abrigando plantas chamadas blanket weeds, uma espécie de cobertor de algas. Esses vegetais realizam a fotossíntese e então liberam oxigênio no ambiente, troca permitida por meio de furos controlados em cada célula. A eficácia do processo depende fundamentalmente do posicionamento da Stem, escolhido de acordo com a incidência da radiação solar no local em que será instalada. Com o constante desenvolvimento das algas, a Stem está sujeita a transformações contínuas. Fatores como a transparência líquida e seu potencial respiratório são variáveis ao longo do tempo, condição que tem tanto efeito ambiental quanto visual, funcionando como um original elemento de design.
Cada unidade da Stem possui formato hexagonal, forma definida a partir do tipo de recipiente utilizado para criar os "tijolos" básicos do sistema.
O atual projeto da Stem se auto-sustenta, mas ainda não funciona como uma parede estrutural. "Para ter essa função, a parede precisaria de uma espécie de armação a partir de determinada altura. No entanto, a Stem é bastante apropriada para uso em um sistema de fachadas", explica Claudia Paquero.
A escolha da planta a ser utilizada na Stem foi norteada não apenas por fatores como a eficiência na fotossíntese, mas também por sua disponibilidade no meio ambiente. Nesse cenário, os blanket weeds se mostraram ideais em Londres. "Esse tipo de alga é um problema nos lagos do Reino Unido, e precisa ser decomposto. Nossa idéia foi dar-lhe uma entrevida entre os lagos e a decomposição. Nesse período, ela pode ser utilizada durante cerca de três meses na Stem, sendo depois substituída", conta Claudia. Além de realizar as trocas gasosas, os blanket weeds também possuem características tridimensionais, o que aumenta a quantidade de raios solares capturados. Segundo a arquiteta, outros países também possuem algas com características semelhantes, e, portanto, adequadas ao projeto. Isso garante que a Stem possa ser adaptada a diferentes radiações, mesmo considerando o fato de que o sistema tenha sido desenvolvido a partir da latitude solar em Londres.
Acima, exemplo de um componente da Stem, formado por sete garrafas. O conteúdo de cada garrafa varia: pode-se notar pelas cores que apresentam. Os componentes são unidos por cola ou fita elástica e todas as garrafas possuem um pequeno furo para as trocas gasosas
A adaptação da Stem a lugares como o Brasil, por exemplo, inclui a escolha do material orgânico apropriado, a quantidade em que esse material deverá ser utilizado e sua geometria. De acordo com Claudia, não há melhores lugares para a implantação do sistema, mas sim lugares em que ele pode ser mais necessário – caso das grandes cidades onde a concentração de gases como o CO² vem aumentando.
Entre os benefícios do sistema, Claudia e Marco destacam a capacidade de reequilibrar a quantidade de oxigênio por meio de uma ação simples, além da interatividade com o usuário. "Devido à modulação das condições de luz, os usuários terão mais que uma interação visual com a Stem. Eles também receberão benefícios pela produção de oxigênio, criando uma relação dinâmica com o sistema".
Segundo a arquiteta, no momento o sistema ainda é um projeto de pesquisa, e por isso necessitaria ser melhor desenvolvido para a aplicação na indústria da construção. Mas, ainda que a Stem não seja um produto comercial, seu preço já pode ser calculado – e é bem salgado. Um espaço de 5 x
Reportagem da revista aU 'Edição 168 - MARÇO 2008'
completa em http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/168/artigo73547-1.asp
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